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18 de maio de 2020

O bilhete - Conto

Dias desses acabei descobrindo, meio que por acaso, que o professor e desenhista Rafael Machado, que ilustrou lindamente os desenhos do livro "A arte dos contos", livro este que contribuo com uma escrita, havia nos deixado, sendo mais uma vítima do corona vírus. Acabei recordando o lindo dia que ao lado dele, bem como de outros grandes profissionais que juntos montaram este livro tão bonito, eu pude representar todos os escritores que ali, naquela palestra estavam sendo homenageados.
Foi uma tarefa difícil, principalmente pra uma pessoa como eu que não gosta de chamar a atenção de jeito nenhum, mas estar no palco e falar da experiência da escrita foi algo maravilhoso pra mim. O Rafael estava ao meu lado e também falou sobre a arte de desenhar, lendo e vivenciando cada história, para assim montar a característica lúdica de cada personagem central. Foi um tarde memorável.
Hoje, em homenagem a este grande professor e profissional, deixo o meu conto, intitulado: O bilhete. Nele conto a saga de uma professora que se achando já em fim de carreira, descobre que ainda pode fazer a diferença na vida dos outros, bem como em sua propria vida.
Espero que gostem.







Deh 

17 de maio de 2020

A escrita de Marcelo Moutinho

Já faz um tempo que leio os contos e crônicas do Marcelo Moutinho. Na verdade, no meu caso, claro, vim fazendo o caminho contrário, conhecendo primeiro as obras mais recentes, para então dar espaço ao veio no início. Ainda tenho muitas leituras para fazer, mas gostaria muito de indicar a leitura deste escritor.
A primeira vez que ele me chamou a atenção foi quando ganhou o prêmio Clarice Lispector de contos, oferecido pela biblioteca nacional em 2017, com o livro "Ferrugem". Com uma linguagem simples, Marcelo nos transporta por lugares que conhecemos muito bem e passam despercebidos por nossos olhos. De fato, não precisamos de muitas alegorias para contar uma história, até mesmo porque há várias histórias sendo contadas pela vida nos vários segundos que compõem as horas, os dias, os meses e anos...

E não estamos diante de grandes heróis, combatendo o mal com toda a sorte de armamento. Não. As histórias que são contadas em Ferrugem, parecem mais um pequeno suspiro e pronto, já passou. E talvez seja toda essa simplicidade que faz com que o livro seja bonito, leve, seguro de si. Assuntos que passeiam por jogos de futebol, mercado, ônibus lotado...é uma graça.

Um dia, passeando pela, hoje, fechada Livraria Cultura, encontrei o livro de crônicas  "Na dobra do dia". Passeando pelas páginas, não tive dúvida da sua grande maestria com as palavras, e mais tarde, já na cafeteria perto de casa, abri a leitura na crônica "Cegos de tanto vê-la"...que encantador, que linguagem simples, que olhos cegos os nossos sobre coisas tão belas, que quando deixam de ser novidade, caem no esquecimento. E por mais que passemos por esses lugares todos os dias, nossa visão torna-se distante ao enxergarmos só o que queremos...perfeito.

Em um passeio ainda no final do ano passado, tive o prazer de trazer pra casa os livros do mesmo autor, intitulados: "A palavra ausente" e "Somos todos iguais nesta noite", sendo que o primeiro livro já inicia descrevendo exatamente assunto recorrente na minha própria vida. Um golpe duro e necessário para mim. Mais dois acertos de Moutinho. Parece mesmo que ele nunca erra.




Esse ano fui na livraria Folha Seca, no lançamento do seu mais recente livro "Ruas de dentro". Tive a oportunidade de conversar um pouco com o Marcelo, tirar umas pequenas dúvidas, e novamente, me alegrar com mais uma série de histórias, que por vezes vem como uma brisa pela manhã e noutras, um belo soco no estômago. Este livro eu achei mais forte, intenso e próprio para agregar muitos acontecimentos que atravessam nossos caminhos, sem que possamos perceber, já que passamos tão apressados pelas ruas calçadas e não calçadas do Rio de Janeiro.

Por fim, eu como uma contista e cronista ainda anônima e iniciante, agradeço ao Marcelo por ter surgido nas minhas leituras. Ainda me faltam alguns livros que ainda não tenho, mas ao certo que essa descoberta me fez aprender muito, me faz pensar com calma nas letras que em breve vou usar nas minhas próprias escritas. Eu sempre falo sobre outro motivo que também me prende demais no Marcelo. É justamente o amor da vida dele, sua filha Lia. Eu que o acompanho nas redes, fico encantada com aquele sorriso largo dela e tenho certeza que Lia é um dos maiores motivos do Marcelo escrever tão bem. Que  as histórias do Rio continuem sendo contadas através das suas palavras sempre com esta sutileza simplicidade. Que um dia eu possa ter a habilidade de levar ao mundo tantas escritas mágicas como as suas.

Agradecida sempre!

Deh


http://www.marcelomoutinho.com.br/

5 de maio de 2020

Carta para Daiana


Essa foi uma pessoa tão bonita que apareceu na minha vida. Do mesmo jeito que veio rápido, também foi. Uma pena, mas na verdade, acho que ela lidaria bem com tudo isso. Pensa numa pessoa super de boa com tudo. A única coisa que ela não tolerava era alguém ir a uma festa de cabelos molhados hahaha...pra ela era totalmente deselegante. Bem, não estava errada mesmo.

Daiana foi uma professora que fez uma série de provas para um concurso em Nova Friburgo. Passamos nas provas, mas eu fui chamada primeiro. Ela sempre falava que ia morar lá comigo, mas quando eu tive que ir, alguma coisa não me deixava ser feliz. Eu passei uns dias em Friburgo, e por mais que as pessoas fossem maravilhosas e super gentis, eu sentia falta de casa. Minha mãe chegou a dizer que moraria lá comigo, mas eu não me animei.

Aguardei a chamada do segundo cargo. Quem sabe com a Daiana por lá eu me animaria mais. Fiquei um tempinho distante da internet, apenas estudando, e quando voltei, senti a ausência dela. Pesquisei um pouco e nada. Até que um dia apareceu uma homenagem com a foto dela. Por volta dos 24 anos, a linda e loira Dai, tinha sofrido um acidente de carro aqui no Rio com uns amigos, pertinho de mim, mas não resistiu. Pensa em como ficou um branco na minha cabeça. Coisa mais estranha...Uma moça cheia de vida. Não tinha mais...

Por sorte eu sei que ela vivia um dia de cada vez, então, ela não viveu de menos. Ela viveu da forma certa. Isso é um alívio hoje. Como eu não pude me despedir, deixo essa cartinha e que ela siga o seu caminho em paz. Tão bonita que era como eu falo lá em cima...por dentro e por fora...tão linda Daianinha. Vai lá menina, que você precisa brilhar!



Deh

4 de maio de 2020

Carta para Rafa

Oi Rafinha,

Não repara em como eu estou velha...
O tempo voa...

Mas eu não te esqueci! Isso é o mais importante.
Saiba que você foi uma das pessoinhas mais lindas e fortes que passaram pelo meu caminho.
Por mais que eu fosse ainda tão nova, eu podia ver uma personalidade incrível através dos seus olhinhos brilhantes.

Foi muito triste saber da sua partida. Eu era tão nova...você mais ainda, mas vimos aquilo tudo com algum propósito e um dia eu vou ter a resposta. Eu vou perguntar o motivo, mas eu estou tranquila que Deus não falha. Ele não falhou nesse momento. Acontece a todo o tempo. Eu que era muito nova pra passar por sentimentos que ainda não conhecia. Doeu, mas passou.

Eu só queria dizer que não te esqueci e você sempre vai ser sempre uma lembrança boa.

Te chamava de meu anjinho por causa dos cachinhos loiros, parecendo tanto esses anjinhos que as pessoas pintam. Se os anjos são assim, eu não sei, mas você será sempre o meu.

Sei lá...por vezes tenho saudade de ser aquela menina que você conheceu. Noutras vezes ela está aqui. A vida é estranha Rafa. Espero que aí seja um pouco melhor.



Obrigada por tudo! ♥

Deh

3 de maio de 2020

Carta para a minha mãe

Oi mãe! :)

Escrevi uma cartinha pra você. Espero que não ligue pela simplicidade. Saiba que escrevi com muita alegria. Nunca penso em você com tristeza...a gente já teve tristeza demais nessa vida né. Eu sei que aí em cima tem tantas razões, tantos bons motivos para sorrir, que eu jamais ia pensar em algo que trouxesse tristeza para os nossos corações.

Eu vou te contar...aqui embaixo o negócio tá muito estranho, e a gente nem sabe como será daqui pra frente, mas...enquanto a gente não vai pra frente, eu resolvi olhar um pouquinho pra trás e lembrar de coisas boas, conversar um pouco. Sei que você não pode me responder, mas...saiba que eu sinto a sua falta. Já mudou tanta coisa aqui sem você. Depois que ler, descansa...por falar nisso, toda vez que faço chá matte, lembro de nós todos na cama, aquele frio...mas o chá sempre esquentava seus filhotinhos.

Obrigada por deixar eu colocar minhas pernas no meio das suas pra esquentar meu corpinho quando eu sentia muito frio. Ah, e fazer aquelas roupas iguais pra Denise e pra mim. Ainda lembro do vestido de bolinhas, da jardineira listrada roxa e preta...que mimo! ♥

Ficou aquele vestido laranja por terminar. Eu ainda não terminei do seu jeitinho, mas ele é lindo...

Obrigada mãe. Obrigada por tudo!

Toma a sua cartinha ♥



Deh♥

2 de maio de 2020

Carta para Binha

Hoje tirei um tempo para falar com a Binha. A Binha nada mais é que eu mesma quando criança. Sim, esse era o meu apelido. Aliás, muitos me chamam assim até hoje.

A Binha, sempre foi uma menina calada, que mais observava. Ela amava morar em um terreno enorme e todo arborizado. Sabe com quem ela conversava? Com lavadeiras e borboletas. Gostava de fazer bolo de lama para as festas que fazia para as amigas bananeiras. Era maravilhoso!

A Binha era tímida, mas adorava fazer disputas com ela mesma. Tipo: Duvido que você vai passar por essa calçada sem pisar nas linhas! Ah! Mas eu nunca gostava das apostas que os amiguinhos faziam comigo, como apertar a campainha da casa dos outros e sair correndo. Ela morria de medo.

Ela sempre gostou de ficar em casa, quando seus pais e irmãos saiam para visitar os parentes. Ainda pequena, ela preferia ficar em casa sozinha, ouvindo músicas as quais ela não fazia a menor ideia do que falavam...E sonhava...como ela gostava de sonhar!

Hoje eu vou mandar a ´primeira carta pra ela. São tantas coisas pra dizer, que uma carta não daria conta de mandar todo o recado.

Obrigada Binha. Obrigada por todos esses sonhos. Se hoje eu escrevo, foi porque você nunca desistiu de escrever desde menininha...uma aquariana, observadora da vida...que orgulho!

Aceite as minhas desculpas também...temos tanto para conversar!

Um beijo!



PS: Ah! E desculpa a letra meio corrida...mas acho que deu pra você entender né! :D

1 de maio de 2020

Série - Cartas



Hoje estou iniciando uma série de postagens de cartas que escreverei à mão para pessoas muito especiais. Nestes tempos de pandemia, conseguimos passar por uma série de sensações e sentimentos dos mais variados possíveis. Eu fiquei um bom tempo sem produzir nada e isso me incomodou muito. Então eu tirei um tempo para ler. Isso mesmo, eu deixei a internet de lado e comecei a olhar um pouco mais pra mim. Numa noite dessas, acabei pensando comigo no que talvez eu quisesse dizer para a Deh do passado, aquela pequenininha, cheia de sonhos e incertezas, que adorava observar a vida sem pressa, tentando compreender tudo o que acontecia ao meu redor. E o que dizer para a Deh senhorinha, com seus incontáveis cabelos brancos e rugas que já coleciona desde os trinta...

Isso foi só o começo...agora quero falar com várias pessoas com quem eu não tenho mais contato, ou que seja pelo menos um contato maior que um meme usado em conversas instantâneas...

As cartas escritas serão fotografadas, unindo assim o antigo ao novo, criando um elo perfeito para uma descoberta pessoal. Enquanto vemos a vida passar pela janela, que tal dar uma volta por dentro de si mesmo, resgatando emoções já vividas, e até mesmo sentimentos que entenderemos somente no futuro.

Convido a todos vocês a uma passeio por esses caminhos que irei andar sem pressa, dando cores e leveza aos dias ainda incertos.

Começo por mim mesmo, depois vou dando voltas com os outros.

Te aguardo pelo meio do caminho!

Deh
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