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17 de maio de 2020

A escrita de Marcelo Moutinho

Já faz um tempo que leio os contos e crônicas do Marcelo Moutinho. Na verdade, no meu caso, claro, vim fazendo o caminho contrário, conhecendo primeiro as obras mais recentes, para então dar espaço ao veio no início. Ainda tenho muitas leituras para fazer, mas gostaria muito de indicar a leitura deste escritor.
A primeira vez que ele me chamou a atenção foi quando ganhou o prêmio Clarice Lispector de contos, oferecido pela biblioteca nacional em 2017, com o livro "Ferrugem". Com uma linguagem simples, Marcelo nos transporta por lugares que conhecemos muito bem e passam despercebidos por nossos olhos. De fato, não precisamos de muitas alegorias para contar uma história, até mesmo porque há várias histórias sendo contadas pela vida nos vários segundos que compõem as horas, os dias, os meses e anos...

E não estamos diante de grandes heróis, combatendo o mal com toda a sorte de armamento. Não. As histórias que são contadas em Ferrugem, parecem mais um pequeno suspiro e pronto, já passou. E talvez seja toda essa simplicidade que faz com que o livro seja bonito, leve, seguro de si. Assuntos que passeiam por jogos de futebol, mercado, ônibus lotado...é uma graça.

Um dia, passeando pela, hoje, fechada Livraria Cultura, encontrei o livro de crônicas  "Na dobra do dia". Passeando pelas páginas, não tive dúvida da sua grande maestria com as palavras, e mais tarde, já na cafeteria perto de casa, abri a leitura na crônica "Cegos de tanto vê-la"...que encantador, que linguagem simples, que olhos cegos os nossos sobre coisas tão belas, que quando deixam de ser novidade, caem no esquecimento. E por mais que passemos por esses lugares todos os dias, nossa visão torna-se distante ao enxergarmos só o que queremos...perfeito.

Em um passeio ainda no final do ano passado, tive o prazer de trazer pra casa os livros do mesmo autor, intitulados: "A palavra ausente" e "Somos todos iguais nesta noite", sendo que o primeiro livro já inicia descrevendo exatamente assunto recorrente na minha própria vida. Um golpe duro e necessário para mim. Mais dois acertos de Moutinho. Parece mesmo que ele nunca erra.




Esse ano fui na livraria Folha Seca, no lançamento do seu mais recente livro "Ruas de dentro". Tive a oportunidade de conversar um pouco com o Marcelo, tirar umas pequenas dúvidas, e novamente, me alegrar com mais uma série de histórias, que por vezes vem como uma brisa pela manhã e noutras, um belo soco no estômago. Este livro eu achei mais forte, intenso e próprio para agregar muitos acontecimentos que atravessam nossos caminhos, sem que possamos perceber, já que passamos tão apressados pelas ruas calçadas e não calçadas do Rio de Janeiro.

Por fim, eu como uma contista e cronista ainda anônima e iniciante, agradeço ao Marcelo por ter surgido nas minhas leituras. Ainda me faltam alguns livros que ainda não tenho, mas ao certo que essa descoberta me fez aprender muito, me faz pensar com calma nas letras que em breve vou usar nas minhas próprias escritas. Eu sempre falo sobre outro motivo que também me prende demais no Marcelo. É justamente o amor da vida dele, sua filha Lia. Eu que o acompanho nas redes, fico encantada com aquele sorriso largo dela e tenho certeza que Lia é um dos maiores motivos do Marcelo escrever tão bem. Que  as histórias do Rio continuem sendo contadas através das suas palavras sempre com esta sutileza simplicidade. Que um dia eu possa ter a habilidade de levar ao mundo tantas escritas mágicas como as suas.

Agradecida sempre!

Deh


http://www.marcelomoutinho.com.br/

2 comentários:

  1. A leitura de Moutinho é muito rica, típica e genuinamente carioca. Espero que os mais novos possam refletir em obras bonitas assim sempre!

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  2. Grande Marcelo. Escreve muito. Os escritores da atualidade são um grande orgulho

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